O aproveitamento das fibras da bananeira e o uso de sementes diversas para artesanato constituem saberes tradicionais que merecem ser preservados por meio de iniciativas de apoio que gerem sua continuidade para as próximas gerações.
A partir de fevereiro de 2010 o grupo de artesanato FIBRART iniciou o desenvolvimento de uma linha de produtos feitos a partir da fibra da bananeira. São blocos de notas, porta lápis e demais peças decorativas como os ímãs de geladeira. Juntamente às fibras de bananeira agregam-se sementes diversas, tantos de espécies do cerrado como também de espécies tradicionalmente cultivadas nas lavouras da região, como o girassol e o sorgo. Demais sementes também são aproveitadas, como as de mamona e da arbórea exótica flamboyant.
O aproveitamento das fibras da bananeira, produto paralelo ao cultivo do fruto para consumo, configura-se como uma valorização dos quintais domésticos, ao apresentar uma alternativa econômica a ser somada à renda familiar. Das variedades experimentadas localmente, a banana prata é a que produz fibras de melhor qualidade para o artesanato. Tais fibras para uso como matéria prima são retiradas das bainha foliares da planta, que se inserem em seu pseudocaule.
Tratando-se de pequenos produtores com envolvimento de mão de obra familiar, os frutos dos quintais domésticos são especialmente importantes. Constituem um interessante complemento nutricional e contribuem para a segurança alimentar da família, uma vez que em geral cultivam-se nestes quintais diferentes espécies frutíferas, ervas medicinais, hortaliças, dentre outras.
Os frutos da bananeira, tão populares em todo o mundo, apresentam um alto valor nutritivo, em especial quanto aos teores de potássio, açúcares, minerais, vitaminas, além de serem extremamente versáteis, permitindo um aproveitamento quando secos, em compotas, processados em farinha, dentre outros usos.
O cultivo da bananeira, pelas suas próprias características, uma vez expandido na propriedade rural familiar, pode perfeitamente enquadrar-se em sistemas agroflorestais, passando de uma eventual baixa produção nos quintais domésticos até um sistema agroflorestal de maiores dimensões, onde caracteristicamente são encontrados diversos estratos e elementos biológicos em consonância com os princípios agroecológicos.
Ao aproveitar também as fibras das plantas de bananeiras, que são comumente descartadas após a colheita dos cachos, gera-se um subproduto que pode aumentar a valorização do cultivo, configurando-se assim uma cadeia produtiva de interesse aos agricultores familiares.
Enriquecendo-se o produto artesanal confeccionado com a fibra da bananeira há a agregação de sementes nativas do cerrado tais como o olho de cabra e sucupira e também sementes comumente presentes no contexto do agroecossistema da região, como mamona, urucum e sorgo.
As sementes nativas de cerrado, nas imediações das chácaras dos produtores rurais familiares do PAD/DF, quando utilizadas como a alternativa econômica do artesanato, configuram a utilização de um recurso da biodiversidade com agregação de valor socioambiental. Uma vez conservadas e respeitadas as áreas de cerrado nativo, a possibilidade de geração de renda oriunda de seu aproveitamento trará ainda mais o aguçamento da percepção ambiental pelas comunidades de seu entorno.